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domingo, 15 de maio de 2011

GRÁFICOS AIDS




GRAVIDEZ & DST

A gravidez não confere à mulher e seu bebê nenhuma proteção especial em relação às doenças sexualmente transmissíveis, podendo ela infectar-se pelas mesmas doenças que acometem as mulheres não grávidas. Na gravidez, ao contrário, a mulher fica até mais suscetível a infecções, pois, nesta condição, ocorre naturalmente uma diminuição nos mecanismos de defesa do seu organismo. 
Os cuidados em relação a uma possível contaminação por alguma DST devem ser redobrados pois, além de preocupar-se com a sua proteção, a mulher grávida deve dedicar-se a proteger também a criança que está sendo gerada, com um outro problema a ser também considerado, que é a limitação ao uso de alguns medicamentos no período gestacional, em razão de potenciais efeitos nocivos sobre o feto. 

Possíveis consequências para a mulher: 
Uma grávida que "pega" uma DST pode apresentar, as seguintes possíveis consequências tanto para a gestação em andamento quanto para a sua saúde futura: parto prematuro, ruptura prematura da placenta, doença inflamatória pélvica (DIP), hepatite crônica, câncer do colo do útero, infertilidade etc.

Possíveis consequências para o bebê: 
A mulher grávida pode transmitir para o seu filho (transmissão vertical) várias doenças adquiridas sexualmente. Essa transmissão pode ocorrer antes, durante ou depois do nascimento. 
O vírus HIV e o treponema (agente da sífilis), por exemplo, podem infectar o feto ainda no interior do útero, em razão da sua capacidade de atravessar a placenta.
Outras DSTs, como a gonorréia, clamídia, herpes etc podem ser transmitidas para o bebê no nascimento, no momento de sua passagem pelo canal do parto.
As consequências para o bebê podem ser graves: conjuntivite, pneumonia, sepsis neonatal, cegueira, surdez, meningite, hepatite, baixo peso ao nascer, morte (natimorto) etc.


Pré-Natal 
Alguns destes problemas podem ser evitados se a mãe faz acompanhamento pré-natal de rotina, o qual deve incluir exames para detecção de DSTs no início da gravidez e, se necessário, repeti-los próximo ao parto. Outros problemas ainda podem ser evitados se a infecção for detectada no momento do parto.
Exames que devem ser feitos rotineiramente no início do pré-natal: sífilis, HIV, Hepatite, além de exames para detecção da gonorréia, clamídia, trichomonas e etc.
O Ministério da Saúde recomenda que sejam feitos pelo menos dois testes de HIV e de sífilis durante o pré-natal.

SE VOCÊ TÊM OU ACREDITA TER UMA DOENÇA SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEL


  • Procure por tratamento imediatamente. Estudos indicam que ter uma doença sexualmente transmissível aumenta o risco de ser infectado pelo HIV, o vírus que causa AIDS.
  • Siga as ordens médicas e acabe de tomar todos os remédios que lhe forem prescritos. Mesmo que os sintomas forem embora, você ainda assim precisa acabar de tomar os remédios.
  • Evite ter qualquer atividade sexual se estiver sob tratamento para uma doença sexualmente transmissível.
  • Certifique-se de contar para seu parceiro, de modo que ele também possa receber tratamento.
  • Tenha um teste de acompanhamento para certificar-se que a infecção foi curada (isso para as doenças sexualmente transmissíveis que pode ser curadas).
  • Se você estiver grávida avise isso ao seu médico. Alguns remédios não são seguros para grávidas e você pode precisar de medicamento diferente para o tratamento.
  • Se estiver amamentando, converse seu médico sobre o risco de passar a doença sexualmente transmissível para o bebê através do leite.

O QUE DEVEMOS SABER

Aqui estão algumas coisas que você precisa saber sobre doenças sexualmente transmissíveis:
  • Doenças sexualmente transmissíveis afetam homens e mulheres de todas as idades, etnias e classes sociais. Adolescentes e adultos jovens têm doenças sexualmente transmissíveis mais freqüentemente do que outra faixa etária. Isso porque eles têm relações sexuais mais freqüentes e com mais parceiros.
  • A quantidade de pessoas contraindo doenças sexualmente transmissíveis está aumentando.
  • Doenças sexualmente transmissíveis podem causar problemas sérios de saúde para toda a vida, os quais tendem a ser mais severos em mulheres do que em homens.
  • Algumas doenças sexualmente transmissíveis estão relacionadas a alguns tipos de câncer.
  • Doenças sexualmente transmissíveis são tratadas com mais sucesso quando diagnosticadas cedo. Há testes e muitos tratamentos para doenças sexualmente transmissíveis. Quando você tiver uma doença sexualmente transmissível é melhor procurar tratamento imediatamente. É importante saber que mesmo que o tratamento cure a doença sexualmente transmissível você pode tê-la novamente.

POR QUE ALERTAR O PARCEIRO?

O controle das DSTs não se dá somente com o tratamento de quem busca ajuda nos serviços de saúde. Para interromper a transmissão dessas doenças e evitar a reinfecção, é fundamental que os parceiros sejam testados e tratados com orientações de um profissional de saúde.
Os parceiros devem ser alertados sempre que uma DST é diagnosticada. É importante repassar a eles informações sobre as formas de contágio, o risco de infecção, a necessidade de atendimento em uma unidade de saúde e a importância de evitar contato sexual até que o parceiro seja tratado e orientado.

DÚVIDAS FREQUENTES

Sobre Gonorréia ...




- Banhos de assento ajudam pacientes com gonorreia?
 “Banhos de assento não ajudam a curar a gonorreia. Aliás, se forem feitos com muita frequência, vão diminuir ainda mais a resistência da vagina”.

- Como deve ser realizado o parto da mulher com gonorreia para não contaminar a criança?
“É importante tratar a gonorreia assim que a doença for diagnosticada, porque aí não faz diferença a via do parto. Geralmente, quando há suspeita de que a gestante é portadora da doença, o parto é feito por via alta, ou seja, por cesariana, para evitar que a criança seja infectada e desenvolva oftalmia gonocócica”.

- O tratamento é realmente eficaz e quais as possíveis sequelas da doença?
“Adequadamente tratada, a gonorreia não deixa sequelas. Caso contrário, tanto no homem quanto na mulher, pode causar a infertilidade. O problema mais grave ocorre no aparelho geniturinário feminino, porque a infecção é silenciosa e pode agredir útero, ovários e trompas e o extremo desse espectro patológico é o óbito”.

As respostas foram dadas pelo Dr. Luiz Jorge Fagundes, médico dermatologista responsável pela área de Doenças Sexualmente Transmissíveis da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.



Sobre Sífilis...

- Quanto dura o período de incubação que vai do contato sexual que provocou a transmissão da bactéria Treponema pallidum causadora da sífilis ao aparecimento da primeira lesão?
“O período de incubação dura aproximadamente de três a quatro semanas. A primeira manifestação da doença (estágio de sífilis primária) é a presença do cancro duro, uma úlcera genital, que na maioria das vezes é uma lesão única, com borda bem definida, semelhante a uma moldura, sem pus no fundo e com base endurecida. Esse tipo de lesão é característico dos pacientes com imunidade íntegra. Nas pessoas com alterações da imunidade, por terem sido submetidas a transplantes e estarem tomando drogas imunossupressoras, ou por serem portadoras do vírus HIV ou já terem manifestado a Aids, as lesões deixam de ser únicas e passam a ser múltiplas. São lesões friáveis, ou seja, que sangram com facilidade, e, mesmo utilizando medicação específica, o tempo de cicatrização é muito superior ao dos pacientes com sistema de defesa íntegro”.

- Qual o destino da bactéria nas três ou quatro semanas do período de incubação?
“Assim que a bactéria penetra, começa a multiplicar-se no organismo. A úlcera representa sua presença no local de inoculação. Quando ela agride o tecido dos genitais, em torno dessa agressão, desenvolve-se um processo inflamatório, cujas células, os linfócitos, são as mesmas que o vírus da Aids tem predileção por infectar. Esse é o ponto de intersecção entre a sífilis e a Aids. Existem outros, mas esse é o mais importante.
Já que ambas são doenças sexualmente transmissíveis, o fato de existir uma lesão sifilítica ulcerada que acarreta um processo inflamatório composto por linfócitos - as células-alvo do vírus da Aids - faz com que a lesão seja a porta de entrada para o HIV e um reservatório disseminador do Treponema pallidum”.

- O que acontece depois da fase primária da doença, cujo principal sintoma é o aparecimento da lesão chamada cancro duro?
“Após o período de multiplicação, a bactéria entra na circulação, tanto sangüínea quanto linfática, e vai disseminar-se nos diversos órgãos”.

As respostas foram dadas pelo Dr. Luiz Jorge Fagundes, médico dermatologista responsável pela área de Doenças Sexualmente Transmissíveis da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.



Sobre Herpes Genital Simples...

- O que pode acontecer se o paciente interromper o uso da medicação?

O herpes é uma doença autolimitada. Se o sistema de defesa estiver bom, a cura é espontânea, mas permanece o risco de recidivas. Se o sistema de defesa estiver debilitado, o herpes genital pode disseminar-se e ser fatal.

- Quando o herpes genital não está aparente, o vírus pode ser transmitido?
Pode, pois  está provado que 15% das pessoas portadoras da infecção, mesmo que não tenham lesões aparentes, eliminam o vírus nas relações sexuais.




Sobre Citalomegalovirose...


- Quais as possíveis seqüelas da infecção pelo citomegalovírus?
A reativação oportunista do vírus em pacientes imunodeficientes pode provocar seqüelas funcionais como cegueira e paraplegia, por exemplo. Outras seqüelas importantes ocorrem nos casos de transmissão vertical do vírus, isto é, da mãe para o filho durante a gestação, pois o citomegalovírus congênito é a principal causa de retardo mental nas crianças.

O citomegalovírus pode ser transmitido pelo beijo como a mononucleose?
Como o vírus está presente na saliva e nas secreções respiratórias, o beijo é uma das vias que facilitam a transmissão do citomegalovírus.

- Como esse vírus não dá imunidade total e permite reinfecções variadas, o que se deve fazer, então?
Ganciclovir é contra-indicado durante a gravidez, particularmente no início, por causa dos efeitos tóxicos sobre o concepto. Dessa maneira, o que pode fazer é diagnosticar a infecção pelo citomegalovírus na criança ao nascer e tratar o neonato. Provavelmente, pelo fato de a infecção ter acontecido intra-útero, ele apresentará algumas lesões que poderão complicar seu futuro.

AIDS E A SOCIEDADE

Muitas pessoas que vivem com HIV/AIDS sentem-se agredidas por mensagens na televisão, revistas, campanhas. Alertamos que o papel da sociedade em geral, é estar atenta aos riscos e, principalmente, bem informada sobre os meios de prevenção da doença. Nunca rejeitar o convívio (íntimo e até social) com os doentes de AIDS.

Não podemos, também, abordar única e exclusivamente a responsabilidade do homem no uso da camisinha. As mulheres não devem ser tratadas como uma população incapaz de adotar medidas de sexo seguro. Não se pode ignorar a capacidade, a autonomia e o direito das mulheres de negociar o uso da camisinha com o parceiro ou de elas mesmas usarem o preservativo feminino, já disponível na rede pública de saúde.



Estatísticas da doença


Segundo a Organização Mundial de Saúde, o número de pessoas contaminadas com o vírus da AIDS ultrapassou, em 1996, a marca de 20 milhões. A estimativa é de que até o ano 2000 a doença atinja cerca de 30 a 40 milhões de pessoas. Na 11ª Conferência Internacional sobre a AIDS (em Vancouver no Canadá - 1996), os cientistas apresentaram uma nova descoberta que trás esperanças para os doentes: uma mistura conhecida como "coquetel de drogas" que diminui em 100 vezes o ritmo de reprodução do vírus, de modo a bloquear as etapas iniciais do ciclo reprodutivo do vírus nas células humanas. As drogas atuariam bloqueando a ação de duas enzimas responsáveis pela multiplicação do vírus: a transcriptase reversa e a protease. O banco mundial estima que a AIDS venha a custar, até o ano 2000, 1,4% do PIB mundial.
Hoje, no Brasil, os heterossexuais representam 38% dos que pegaram através de relação sexual. Segundo os últimos dados do ministério, de março de 1998, 6800 brasileiros contraíram AIDS. Desses, cerca de 50% pegaram a doença durante a relação sexual. Nesse grupo, os heterossexuais representavam 6% em 1988 e agora já são 38%. Os jovens precisam sensibilizar-se dos casos de AIDS notificados neste ano, 70% estão na faixa de 25 a 44 anos e 13% na faixa de 15 e 24 anos.


A descoberta do vírus

Grande parte dos pacientes com AIDS desenvolve uma doença neuropsicológica, chamada complexo de demência aidética, que parece resultar da infecção das células do sistema nervoso central pelo vírus HIV.
A AIDS é uma doença recente, sendo reconhecida apenas em 1981, embora exista evidencias de mortes por AIDS cerca de trinta anos antes. A origem do vírus é ainda desconhecida, sendo uma das hipóteses a de que teria surgido na África central, como resultado de uma mutação, e descendo por via indireta de outro vírus, não patológico, identificado no macaco (Cercopithecus aethiops). Em 1984, cientistas americanos e franceses isolaram, de células de pacientes com AIDS, o vírus HIV, que passou a ser considerado o causador da doença.

HOMOSEXUALIDADE E AIDS

Homossexuais e AIDS no Brasil: até onde vai essa omissão? - Mário Scheffer é presidente do Grupo Pela Vidda-SP
http://www.agenciaaids.com.br/imagens/transparecia.gif

Recente estudo divulgado pelo Ministério da Saúde revelou que a prevalência do HIV entre os homossexuais com mais de 18 anos em dez municípios pesquisados foi de 10,5%, taxa 17 vezes maior do que a registrada na população em geral. Embora limitado – por ignorar São Paulo e não divulgar a prevalência de cada cidade pesquisada –, o estudo pauta uma discussão escamoteada no Brasil: a infecção pelo HIV tem um impacto desproporcionalmente maior entre os homossexuais.

O que propomos é a retomada de um tema que se tornou marginal: a reavaliação do processo que muitos chamaram de “des-homossexualização” da aids no País.

Os fatos mostram que o perfil da epidemia no Brasil não corresponde àquela teoria tão propalada. Aqui, a aids é concentrada: o HIV não é disseminado uniformemente na população e os homossexuais integram um dos grupos afetados de forma mais contundente.

Mas assumir a constância da epidemia da aids junto aos gays tornou-se um tabu, negação supostamente protetora . O receio de reabrir a superada noção de "grupo de risco" que tanto estigmatizou os homossexuais no passado não pode dar lugar ao comportamento avesso à realidade de alguns técnicos governamentais em simbiose com parte do movimento LGBT.

O fosso que separa o problema do seu enfrentamento tem a ver, em primeiro lugar, com a opção titubeante da vigilância epidemiológica dos programas de aids. Beira a manipulação sugerir que o grupo dos heterossexuais é mais exposto ao risco por ser proporcionalmente maior que os homossexuais na composição relativa do total de casos de aids. Cientistas sérios já advertiram sobre a imprecisão de usar proporções – e não taxas que levem em conta a dimensão da população exposta – para a análise da distribuição dos casos segundo modos de transmissão. Ou seja, a disseminada ideia de que hoje a epidemia da aids impacta mais os heterossexuais é enganosa.

Um segundo erro, a meu ver político: a epidemia entre os gays não será contida exclusivamente com ações afirmativas e de direitos humanos, muito embora sejam essas imprescindíveis para criar um ambiente favorável às medidas de prevenção que hoje não são executadas.

A nossa história de combate à aids já ensinou o caminho. Reduzimos exemplarmente a infecção entre usuários de drogas injetáveis não apenas defendendo a descriminalização das drogas e os direitos dessa população, mas adicionando a isso uma política inovadora e audaciosa de redução de danos. A queda drástica da transmissão vertical – da mãe para o bebê – não ocorreu apenas com a defesa dos direitos das mulheres e da igualdade de gênero, mas também com a melhoria do acesso ao pré-natal, sensibilização de profissionais e disponibilização da profilaxia.

Para sair do marasmo, para ir além da luta contra a homofobia e da distribuição de camisinhas e folhetos em paradas e locais de freqüência gay, é preciso compreender a complexa interação de fatores que conduzem à alta prevalência da infecção entre homossexuais.

Os esforços de prevenção devem ser tão diversificados quanto a própria população de homens que fazem sexo com homens - que se identificam como homossexuais, gays, bissexuais, travestis, até mesmo heterossexuais ou que não assumem nenhuma identidade sexual. São cidadãos presentes em todas as comunidades, de todas as idades, raças, estratos sociais, profissões e regiões do país, são jovens, adolescentes, idosos, HIV-positivos, profissionais do sexo, usuários de drogas, casados com mulheres, detentos etc.

Muitos frequentam bares, baladas, saunas, cinemas, banheiros públicos, parques, mas grande parte deles está diluída na população em geral. Nem sabemos ao certo como chegar até eles.
Parados no tempo, não desenvolvemos modelos de prevenção que consideram o impacto desigual da infecção pelo HIV nas diferentes formas de viver a homossexualidade. Não há no Brasil política pública de prevenção adaptada às novas gerações, às maneiras atuais de afirmação de identidades homossexuais, aos novos comportamentos e estilos de vida que influenciam a gestão do risco.
O fato é que é o amplo conhecimento por parte dos homossexuais sobre as formas de infecção pelo HIV não se traduz na adoção de comportamentos seguros.
É parcial o raciocínio de que há complacência dos homossexuais, que, em plena era do tratamento potente, não viveram pessoalmente a severidade das primeiras fases epidemia da aids. Também é parcial a visão de que a discriminação, somente ela, impede os gays de acessarem a prevenção.
As relações sexuais entre homens muitas vezes são espontâneas, passageiras, escondidas, anônimas. Por uma questão de cultura dessas pessoas, não só porque são excluídos e discriminados. Há dificuldade em fazer sexo seguro consistente, permanente, ao longo de toda a vida. É difícil propor e aceitar a utilização do preservativo, por exemplo, num contexto de múltiplos parceiros.

Ao optar por uma política substitutiva que só enxerga a vulnerabilidade social dos gays, o Brasil não promoveu um programa integral de saúde pública, nem sequer absorveu evidências internacionais que dão pistas para aprimorar as mensagens e instrumentos de prevenção.
Sabe-se que fatores como exclusão social, depressão e auto-estima abalada estão ligados à infecção pelo HIV entre homossexuais; que a realização de seguidos testes com resultados negativos conduz à falsa noção de uma certa “imunidade” em relação ao vírus; que o uso de álcool ou de drogas antes da relação sexual leva à perda do controle da situação e ao sexo de maior risco; que a Internet é facilitadora de práticas sexuais desprotegidas entre os gays e, por isso, um campo de prevenção prioritário.

Vários países promovem hoje debates que talvez sejam difíceis de o Brasil assimilar, mas não é correto deixar de disponibilizar as informações. A França discute programas de prevenção para gays baseados na redução de danos e na hierarquização de riscos. Para deter a epidemia, a Suíça defende o acesso precoce e contínuo dos homossexuais HIV-positivos à terapêutica antirretroviral. A Austrália levanta que a circuncisão pode proteger os homens homossexuais que têm preferência por sexo insertivo. Nos Estados Unidos, as autoridades sanitárias preferem levar a público uma situação até mais alarmante que a nossa, pois lá um em cada cinco homossexuais é portador do HIV, quase a metade ignora ser soropositivo e a taxa de infecção entre homens gays subiu 17% desde 2005 , conforme estudo do CDC publicado em setembro de 2010. E, diferente do Brasil, vários países divulgam aos homossexuais a possibilidade de acessarem os medicamentos antirretrovirais imediatamente após a exposição sexual ao risco.

Não será possível, de um dia para o outro, recuperar mais de uma década perdida. Mas é hora de abrir a discussão e tomar medidas concretas, inovar na prevenção (a ser liderada pelas prefeituras, não só pelas ONGs), fazer aumentar a testagem voluntária entre os gays, diminuir o diagnóstico tardio por meio do teste rápido (feito nas unidades públicas, por profissionais do SUS), ampliar a insuficiente distribuição de preservativos e gel lubrificante íntimo, respeitar e incluir os homossexuais que vivem com HIV como parte da solução.

As medidas voltadas para os jovens homossexuais são as mais urgentes. Não podemos permitir no Brasil que o HIV seja um ritual de passagem para cada nova geração de homossexuais, como está acontecendo, por paralisia e omissão.

A proibição de doar sangue imposta pelo próprio Ministério da Saúde e a não concretização de projetos de lei que instituiriam a união civil e a criminalização da homofobia, além da identificação dos gays como vilões e culpados pela disseminação do HIV, são faces do mesmo preconceito que dificulta olhar de frente para um problema de saúde pública de tamanha magnitude.

Devemos quebrar barreiras e mudar a história da prevenção do HIV entre os homossexuais no Brasil, até agora um caminho de ações dispersas e erráticas.


A população de gays que fazem sexo com homens, entre 15 e 49 anos, com Aids é 11 vezes maior que o índice da população em geral, o que representa 1,5 milhão de pessoas infectadas.

“As insuficientes atividades de prevenção voltadas à população LGBTT erram”, em sua maioria, pelo conservadorismo e pela “mesmice” do modelo adotado. As intervenções pararam no tempo. Não incorporaram os condicionantes da vulnerabilidade e nem sequer levam em conta a diversidade da população homossexual. Muitos projetos ainda consistem na mera distribuição de folhetos e de preservativos.
Os critérios de notificação, vigilância e acompanhamento da epidemia no Brasil, a partir dos casos de Aids notificados, dão um retrato do passado e não medem a propagação atual da infecção pelo HIV entre os homossexuais. Além disso, existe importante subnotificação dos casos de Aids, principalmente da categoria de exposição homo e bissexual devido à dificuldade de relato dos indivíduos ou à negação dessa condição.” Mário Scheffer, membro do Grupo Pela Vidda São Paulo.



AIDS



Descrição: A AIDS se caracteriza por astenia, perda de peso acentuadas e por uma drástica diminuição no número de linfócitos T auxiliadores (CD4), justamente as células que ativam os outros linfócitos que formam o exército de defesa do corpo. O organismo da pessoa que possui o vírus HIV torna-se incapaz de produzir anticorpos em resposta aos antígenos mais comuns que nele penetram.
Com a imunidade debilitada pelo HIV, o organismo torna-se susceptível a diversos microorganismos oportunistas ou a certos tipos raros de câncer (sarcoma de Kaposi, linfoma cerebral). A pneumonia provocada pelo Pneumocystis carinii é a infecção oportunista mais comum, detectada em cerca de 57% dos casos. A toxoplasmose, a criptococose e as afecções provocadas por citomegalovírus são outras infecções frequentemente encontradas nos indivíduos imunodeprimidos. As principais causas da morte são infecções banais, contra as quais o organismo debilitado não consegue reagir.

O material hereditário deste vírus é o RNA, e sua principal característica é a presença da enzima transcriptase reversa, capaz de produzir moléculas de DNA a partir do RNA. A membrana deste vírus se funde com a membrana da célula, e o capsídio viral penetra no citoplasma celular. O RNA, então, produz uma molécula de DNA, que irá penetrar no núcleo da célula, introduzir-se em um dos cromossomos do hospedeiro e recombinar-se com o DNA celular. Esse DNA viral integrado ao cromossomo celular é chamado de provírus, que irá produzir moléculas de RNA, originando centenas de vírus completos. Uma vez com os genes do provírus integrados aos da célula, esta irá produzir partículas virais durante toda a sua vida. Não leva a morte da célula hospedeira, mas esta poderá transmitir o provírus para suas células filhas.



Tratamento: Apesar de ser uma doença que ainda não tem cura, existe tratamento eficiente e que controla a doença. Pessoas portadoras do vírus HIV devem procurar ajuda médica, tentar conhecer a doença e jamais perder a esperança.

Sintomas: O emagrecimento rápido, com perda de mais de 10% do peso corporal, diarréia prolongada (por mais de uma mês), fedre persistente (por mais de um mês), tosse seca, suores noturno, manchas avermelhadas no corpo entre outros sintomas. Porém, o tempo para um soropositivo apresentar sintomas varia muito: não existe qualquer prazo definido. A maioria passa mais de dez anos sem nada e alguns podem até nunca desenvolver Aids, mesmo estando infectados pelo HIV. 
Uma pessoa pode saber se é ou não portadora do vírus da AIDS por meio de exames que detectam a presença de anticorpos contra o vírus, ou que detectam a presença do próprio vírus. Ser portador do vírus não significa que a pessoa desenvolverá necessariamente a doença. O vírus permanece inativo por um tempo variável, no interior das células T infectadas, e pode demorar até 10 anos para desencadear a moléstia.

Transmissão: A AIDS é transmitida através do contato sexual, da transfusão de sangue contaminado, da mãe para o bebe durante a gravidez ou na amamentação e ainda pela reutilização de seringas e agulhas entre os usuários de drogas injetáveis. Como não há cura para a doença, seu combate deve ser feito através de medidas preventivas, tais como o uso de preservativos (camisinhas), o controle de qualidade do sangue usado em transfusões e o emprego de seringas e agulhas descartáveis.

Prevenção: Use sempre camisinha.

CONDILOMA ACUMINADO

Descrição: Infecção causada por um grupo de vírus (HPV - Human Papilloma Viruses) que determinam lesões papilares (elevações da pele) as quais, ao se fundirem, formam massas vegetantes de tamanhos variáveis, com aspecto de couve-flor (verrugas).
Os locais mais comuns do aparecimento destas lesões são a glande, o prepúcio e o meato uretral no homem e a vulva, o períneo, a vagina e o colo do útero na mulher.
Em ambos os sexos pode ocorrer no ânus e reto, não necessariamente relacionado com o coito anal.
Com alguma frequência a lesão é pequena, de difícil visualização à vista desarmada (sem lentes especiais), mas na grande maioria das vezes a infecção é assintomática ou inaparente, sem nenhuma manifestação detectável pelo(a) paciente.  A transmissão pode estar relacionada com o contato sexual íntimo (vaginal, anal e oral) sendo que, mesmo que não ocorra penetração vaginal ou anal o virus pode ser transmitido. A casos onde o recém-nascido pode ser infectado pela mãe doente, durante o parto e pode ocorrer também, embora mais raramente, contaminação por outras vias (fômites) que não a sexual : em banheiros, saunas, instrumental ginecológico, uso comum de roupas íntimas, toalhas etc.








Diagnóstico: O diagnóstico é essencialmente clínico (anamnese e exame físico). Eventualmente recorre-se a uma biópsia da lesão suspeita.

Tratamento: O tratamento visa a remoção das lesões (verrugas, condilomas e lesões do colo uterino).
Os tratamentos disponíveis são locais (cirúrgicos, quimioterápicos, cauterizações etc). As recidivas (retorno da doença) podem ocorrer e são freqüentes, mesmo com o tratamento adequado.
Eventualmente, as lesões desaparecem espontaneamente.
Não existe ainda um medicamento que erradique o virus, mas a cura da infecção pode ocorrer por ação dos mecanismos de defesa do organismo. 
Já existem vacinas para proteção contra alguns tipos específicos do HPV, estando as mesmas indicadas para pessoas não contaminadas. 

Prevenção: Camisinha usada adequadamente, do início ao fim da relação, pode proporcionar alguma proteção. Ter parceiro fixo ou reduzir número de parceiros. Exame ginecológico anual para rastreio de doenças pré-invasivas do colo do útero. Avaliação do(a) parceiro(a). Abstinência sexual durante o tratamento. 

HEPATITE A

Descrição: A hepatite A é uma das principais causas de hepatite aguda no mundo. O termo hepatite significa inflamação do fígado, podendo ser causada por vários fatores como drogas, álcool, doenças auto-imunes ou agente infecciosos.A hepatite A é causada por um vírus chamado HAV, que é a sigla em inglês para "vírus da hepatite A". O HAV só foi descoberto em 1973. Até a década de 60 nenhum dos 3 principais vírus da hepatite haviam sido identificados. Sabia-se que os pacientes tinham hepatite, mas a causa era desconhecida. Ao contrário do que o senso comum possa indicar, o vírus da hepatite A é completamente diferente do vírus da hepatite B, que por sua vez, nada tem a ver com o da hepatite C. São portanto, doenças distintas. Apesar de já existir vacina, a incidência de hepatite A no mundo ainda é elevadíssima, principalmente nos países em desenvolvimento.

Transmissão: É transmitida pela via fecal-oral. As pessoas infectadas eliminam o vírus em suas fezes de modo constante. Para ser infectado é preciso que o vírus entre em contato com nossa boca. O contato oral com fezes de outros, em um primeiro momento, pode parecer um via improvável, porém, é muito mais comum do que imaginamos. Quanto pior for a condição de higiene do meio, mais fácil será a transmissão.

Exemplos de como se pode transmitir a hepatite A:

  • Comidas preparadas por pessoas que não lavam as mãos após evacuação.
  • Mergulhar em praias ou lagoas que recebem esgoto não tratado (o HAV pode se permanecer viável por até 6 meses).
  • Frutos do mar oriundos de águas poluídas com esgoto não tratado.
  • Tocar em objetos contaminados e logo após levar a mão a boca inadvertidamente.
  • A hepatite A não é uma doença sexualmente transmissível, porém, ter relações com pessoas infectadas é um fator risco, principalmente se houver sexo anal seguido de sexo oral ou hábito de se lamber o ânus do parceiro(a). Neste caso o uso de camisinha não altera em nada o risco de contaminação.

Um dos grandes problemas da hepatite A é que o paciente contaminado começa a eliminar o vírus antes mesmo dos sintomas iniciarem-se. Por exemplo, cozinheiros com maus hábitos de higiene podem trabalhar semanas transmitindo o vírus sem que se suspeite da contaminação.

Sintomas: O período de incubação do HAV é de 2 a 6 semanas. Em crianças o quadro pode ser brando o suficiente para passar despercebido. Quando há sintomas, estes são muitas vezes confundidos com uma gripe ou uma gastroenterite leve. Não é incomum pessoas só descobrirem que tiveram hepatite A através de sorologias solicitadas ao acaso.
Nos adultos, a hepatite A costuma ser mais sintomática. Este é o grupo que costuma procurar atendimento médico durante a fase aguda da doença.


Icterícia: pele e olhos amarelados. Compare a cor da mão do médico com a pele do paciente.

Inicialmente a hepatite A se apresenta como uma virose gastrointestinal  inespecífica, com perda de apetite, náuseas, vômitos, fraqueza, dor muscular, dor de cabeça e febre. Após 1 semana surge a icterícia, sintoma clássico da hepatite A aguda, que se caracteriza por pele e olhos amarelados, comichão generalizado, urina escura e fezes de cor muito clara. 80% dos pacientes apresentam também hepatomegalia, que é o aumento do tamanho do fígado.
A hepatite A dura em média 2 meses. Ao contrário da hepatite B e principalmente, da hepatite C, que costumam virar infecções crônicas, a hepatite A na maioria dos casos cura-se espontaneamente, raramente se tornando uma hepatite crônica.
Se por um lado a hepatite A costuma ser uma doença benigna que raramente se torna crônica, por outro, ela é a hepatite viral que mais frequentemente cursa como uma hepatite fulminante, levando a morte por insuficiência hepática caso não seja efetuado um transplante hepático de urgência. Felizmente esse quadro ocorre em menos de 1% das hepatites por vírus A.

Diagnóstico: Nas análises de sangue, o principal achado é a alteração das chamadas enzimas hepáticas: TGO, TGP e bilirrubinas (. Nas hepatites agudas os valores de TGO e TGP costumam estar acima de 1000 IU/dL.

As enzimas hepáticas, porém, só indicam que há um quadro de hepatite aguda em curso, não sendo capazes de determinar a causa.

Para se identificar o HAV como agente causador da hepatite é preciso realizar uma sorologia para hepatite A. Na sorologia procuramos por 2 tipos de anticorpos: IgM e IgG.


  • O anticorpo IgM, indica hepatite A ativa. Já encontra-se positivo quando os sintomas aparecem e permanece detectável por até 6 meses, quando, então, desaparece.
  • O anticorpo IgG indica infecção antiga. Fica positivo após algumas semanas de infecção e assim permanece pelo resto da vida.

Temos então 3 possibilidades:

  • HAV IgG positivo e IgM negativo = Infecção antiga e curada
  • HAV IgG positivo e IgM positivo = Infecção ativa e a caminho da cura
  • HAV IgG negativo e IgM positivo = infecção ativa no início do quadro

Tratamento: Como se trata de uma doença benigna com cura espontânea na quase totalidade dos casos, não há tratamento específico para a hepatite A.
Indica-se apenas repouso, boa alimentação e hidratação. Deve-se, obviamente evitar bebidas alcoólicas e drogas que possam causar lesão hepática como o paracetamol (Tylenol® ou Ben-u-ron)

Vacina - Já existe vacina para hepatite A e sua administração é recomendada em crianças aos 12 e 18 meses de idade. A vacina também pode ser aplicada em adultos a qualquer momento. A vacinação de profissionais que trabalham com comida é útil para evitar epidemias pela transmissão através de alimentos. A vacina também é importante para pacientes que já tenham alguma outra doença do fígado, uma vez que este grupo apresenta maior risco de complicações quando exposto ao HAV.

HEPATITE B

Descrição: É uma inflamação do fígado causada pelo vírus da Hepatite B (HBV). 

Transmissão: Transfusões de sangue foram a principal via de transmissão da doença, circunstância que se tornou rara com a obrigatória testagem laboratorial dos doadores e rigoroso controle dos bancos de sangue. Atualmente, o uso compartilhado de seringas, agulhas e outros instrumentos entre usuários de drogas, assim como relações sexuais sem preservativo (camisinha) são as formas mais frequentes de contaminação na população.
O contato acidental de sangue ou secreções corporais contaminadas pelo vírus, com mucosa ou pele com lesões também transmitem a doença.
Gestantes (grávidas) portadoras do vírus podem transmitir a doença para os bebês, sendo o momento do nascimento, seja por parto normal ou por cesariana o principal momento de risco para a transmissão. 

Sintomas: Assim como em outras hepatites, muitas pessoas não apresentam sintomas e descobrem que são portadoras do vírus, em atividade ou não, em exames de rotina. Quando presentes os sintomas ocorrem em fases agudas da doença e são semelhantes aos das hepatites em geral, se iniciando com mal-estar generalizado, dores de cabeça e no corpo, cansaço fácil, febre, falta de apetite e náusea.

Após, surgem tipicamente coloração amarelada das mucosas e da pee (icterícia), coceira no corpo, urina escura (cr de chá escuro ou coca-cola), fezes claras (cor de massa de vidraceiro).

Ao final de 10 a 15 dias os sintomas gerais diminuem muito, mesmo na vigência da icterícia, que tende a desaparecer em 6 a 8 semanas em média. A resolução da doença ocorre em mais de 95% adultos que adquirem hepatite. Após a fase aguda, que pode passar desapercebida, 1 a 5% dos adultos não se curam da infecção e ficam com hepatite crônica. Desses, 25 a 40% podem desenvolver cirrose e câncer de fígado ao longo de décadas. Em crianças o risco da doença tornar-se portador de hepatite crônica é bem maior, cerca de 90% em recém nascidos e 50% da infância.
A forma clínica mais grave, chamada de hepatite fulminante, na qual há elevado risco de morte, ocorre em menos de 1% dos pacientes que adquirem o vírus.
O risco de doença crônica com má evolução é maior em quem usa bebida alcoólica, em bebês que adquirem a doença no parto e em pessoas com baixa imunidade (pacientes com AIDS, em quimioterapia, ou submetidos a transplante de órgãos, por exemplo). 

Diagnóstico: Os sintomas não permitem identificar a causa da hepatite. Hepatites em adultos, especialmente se usuários de drogas injetáveis, homossexuais ou pessoas com muitos parceiros sexuais levantam a suspeita de hepatite B.
A confirmação diagnóstica é feita por exames de sangue, onde são detectados anticorpos ou partículas do vírus da hepatite B. O exame central no diagnóstico da hepatite B crônica é o chamado antígeno de superfície do vírus B (HBsAg), que quando reagente (positivo) indica a presença do vírus e possibilidade de transmisão. A quantificação do vírus (HBV-DNA quantitativo, também chamado PCR quantitativo), realizada também por exame de sangue, é usada para confirmação da atividade do vírus e é fundamental na definição da necessidade e monitorização do tratamento.
A biópsia hepática (retirada de pequeno fragmento do fígado com uma agulha fina para análise microscópica) pode ser necessária para avaliar o grau de comprometimento do fígado e a necessidade de tratamento. 

Tratamento: A hepatite B aguda não requer tratamento medicamentoso específico. Remédios para náuseas, vômitos e coceira, bem como administração endovenosa de líquidos (soro) podem ser usados ocasionalmente.
O repouso no leito não deve ser exigido uma vez que não afeta a evolução para hepatite crônica ou fulminante. A ingestão de álcool em qualquer quantidade é proibida.
O uso de qualquer medicamento deve ser avaliado pelo médico, já que muitos necessitam de um bom funcionamento do fígado para seu desempenho. A forma fulminante da hepatite aguda exige cuidados intensivos em hospital, podendo necessitar de transplante hepático de urgência.
Muitos casos de hepatite crônica B necessitam tratamento para evitar a evolução da doença e o risco de desenvolver cirrose e suas complicações. Os tratamentos podem ser divididos em dois grupos: o primeiro, formado pelo interferon e pelo interferon peguilado é injetável por via subcutânea, e o segundo, formado pelas medicações de uso oral. Os interferons, tem a vantagem de ser a única opção com prazo definido de tratamento, geralmente cerca de um ano. Entretanto, a quantidade de pacientes com resposta ao uso do interferon na hepatite B é reduzido, geralmente abaixo de 15-20%. Além disso, os efeitos adversos restringem o uso do interferon a casos selecionados com maior chance de resposta.
A maioria dos indivíduos que necessitam tratamento são candidatos ao uso por prazo indeterminado de uma medicação oral. Os agentes atualmente disponíveis são a lamivudina, o adefovir, o entecavir e o tenofovir. Devido ao menor desenvolvimento de resistência, o entecavir e o tenofovir tem sido as medicações preferenciais para novos tratamentos. Para pacientes já em tratamento com os outros agentes, o acréscimo de mais uma medicação deve ser discutido individualmente com o seu médico. O tratamento por via oral costuma ser bem tolerado, e com poucos efeitos adversos.

Prevenção: A vacina para hepatite B deve ser feita em todos os recém-nascidos, iniciando o esquema vacinal já no primeiro mês de vida. Adultos não vacinados e que não tiveram a doença também podem fazer a vacina, que está especialmente recomendada a pessoas que cuidam de pacientes, a profissionais da área da saúde, aos portadores do vírus da hepatite C, alcoolistas e a indivíduos com quaisquer outras doenças hepáticas. Deve-se usar luvas, máscara e óculos de proteção quando houver possibilidade de contato com sangue ou secreções corporais.
Pessoas que tiveram exposição conhecida ao vírus (relação sexual com indivíduo contaminado, acidente com agulha) devem receber uma espécie de soro (imunoglobulina) nos primeiros dias após o contato, o que pode diminuir a chance ou, pelo menos, a intensidade da doença. Recém-nascidos de mães com hepatite B devem receber imunoglobulina específica e vacina imediatamente após o parto para diminuir o risco do bebê desenvolver a doença. O tratamento da mãe para diminuir o risco de transmissão deve ser discutido individualmente com o especialista.

ENTEROBÍASE

Descrição: Enterobíase/Enterobiose ou Oxiurose/Oxiuríase é o nome da infecção por oxiúros (Enterobius vermicularis), que são vermes nematôdeos com menos de 15 mm de comprimento e que parasitam o intestino dos mamíferos, principalmente primatas, incluindo o homem. É a única parasitose que ainda é hoje comum nos países desenvolvidos, atingindo particularmente as crianças.

Sintomas: O sintoma característico da enterobíase é o prurido anal, que se exacerba no período noturno devido à movimentação do parasita pelo calor do leito, produzindo um quadro de irritabilidade e insônia. Em relação às manifestações digestivas, a maioria dos pacientes apresenta náuseas, vômitos, dores abdominais em cólica, tenesmo e, mais raramente, evacuações sanguinolentas. Nas mulheres, o verme pode migrar da região anal para a genital, ocasionando prurido vulvar, corrimento vaginal, eventualmente infecção do trato urinário, e até excitação sexual.

Diagnóstico: O método de escolha utilizado para o diagnóstico da enterobíase difere em relação às outras verminoses em geral. As técnicas habituais de demonstração de ovos de helmintos não apresentam positividade superior a 5% dos casos, uma vez que as fêmeas não fazem oviposição no intestino. Como eleição emprega-se a técnica dos "swabs anais", também denominada de método da fita de celofane adesiva e transparente, ou da fita gomada, reportada por Graham. A outra técnica não habitual descrita na literatura é chamada de vaselina-parafina (VASPAR). Adota-se como padrão da colheita do material o horário no período matutino, antes de o paciente defecar ou tomar um banho. Caso não seja possível tal procedimento, poderia se optar pela coleta após o paciente ter se deitado. Com estas técnicas, aumenta-se sensivelmente a positividade do achado dos ovos.

Tratamento: O tratamento de escolha é o pamoato de pirantel na dose de 10 mg/kg em dose única, não ultrapassando 1g, por via oral, preferencialmente em jejum. Apresenta uma eficácia em torno de 80 a 100% de cura, com poucos efeitos adversos, tais como: cefaléia, tonturas e distúrbios gastrointestinais leves. Sugere-se na maioria dos casos a repetição do tratamento, aumentando assim a taxa de cura deste nematódeo intestinal. 

Prevenção: A higiene permite reduzir a probabilidade de contaminação, assim como a limpeza frequente dos quartos das crianças e, sobretudo em zonas em que se acumula o pó como debaixo da mobília e por cima das portas. É preferível limpar com pano molhado de modo a não levantar pó que depois é inalado ao varrer. As roupas das crianças devem ser trocadas frequentemente, e as suas unhas cortadas de modo a não reter ovos se coçarem. Outro grande cuidado deve ser o banho diário e o lavar as mãos antes de qualquer refeição para evitar a reinfecção. Todos os materiais infectados ou em contato com o corpo do doente (pijamas, roupa de cama, roupas íntimas) deve ser lavado com água morna (superior a 55 graus Celsius, por alguns segundos, é suficiente) e sabão diariamente. Água sanitária diluída em água também serve para desinfetar brinquedos e roupas. 

CITOMEGALOVIROSE

Descrição: O Citomegalovirus (CMV) é o agente etiológico da citomegalovirose, que geralmente se transmite através das relações sexuais (secreções), mas a infecção pode ser adquirida de outras maneiras (por exemplo, seringas compartilhadas, pelo sangue). 
Embora muitas pessoas não lembrem tê-la padecido, é frequente que isto tenha acontecido e tenha sido resolvido sem complicações e, maiormente sem sintomas. É uma infecção muito freqüente na população em geral. Aproximadamente 50% das mulheres em idade reprodutiva já tiveram a infecção.
A virose raramente causa problemas mais sérios em pessoas saudáveis, mas, em indivíduos com o sistema imunológico comprometido – os imunodeprimidos –, particularmente nos doentes de aids, tem potencial para comprometer o sistema nervoso central e o trato digestivo, além de causar hepatite, pneumonia e inflamação da retina, com risco de cegueira.
A citomegalovirose congênita, passada da mãe para o feto durante a gravidez, também costuma ser bastante grave, sobretudo se adquirida no primeiro trimestre da gestação, quando é capaz de acarretar sequelas neurológicas, visuais e auditivas no bebê. Publicações científicas relatam que, nos Estados Unidos, 1% dos recém-nascidos nasce congenitamente infectado por CMV. A maioria é saudável ao nascer, mas entre 10% e 20% dos bebês, em pouco tempo, apresentam anormalidades neurológicas.

Sintomas: Muitos indivíduos não manifestam sintomas. Alguns pacientes podem apresentar sinais clínicos semelhantes aos da mononucleose, com aumento dos gânglios do pescoço, mal-estar, febre, dor nas articulações e cansaço. A forma congênita é grave, e as crianças podem apresentar comprometimento visual, anemia, icterícia, redução do número de plaquetas e manifestações neurológicas graves, entre outras.

Prevenção: É difícil evitar o contato com o vírus ao longo da vida, mas isso não representa riscos graves para adultos saudáveis.
A prevenção deve ser feita em gestantes e imunodeprimidos que ainda não tiveram contato com o vírus. Para estes grupos são recomendados cuidados básicos como higiene das mãos, utilização de preservativos e, sempre que possível, evitar contato com pessoas que tenham a doença.

Diagnóstico: O diagnóstico é realizado mediante análise de sangue e urina. Estas análises são rotineiras na gravidez, para garantir uma detecção precoce e dessa forma minimizar os efeitos sobre a doente ou o bebê.


Tratamento: O tratamento deve ser feito inicialmente com analgésicos, antitérmicos e hidratação, semelhante ao realizado em outras viroses. Para pacientes que manifestam formas mais graves, geralmente imunodeprimidos, está indicado o uso de antivirais específicos.